O trabalho é uma constante em nossas vidas, mas por que realmente trabalhamos?
Comumente ouvimos sobre a importância de trabalhar com propósito, de encontrar um significado maior no que fazemos.
Mas será mesmo que essa é a única forma correta de encarar o trabalho? Será que não estamos, ao forçar essa noção de propósito, tirando o foco do que é, no fim das contas, a essência do trabalho: a remuneração pelo nosso esforço e habilidades?
Neste artigo, iremos questionar essa tendência quase sagrada de buscar um propósito no trabalho.
Vamos falar sobre a ideia de que o trabalho é fundamentalmente uma maneira de ganhar dinheiro e, assim, obter os meios para buscar satisfação, diversão e prazer fora do ambiente de trabalho.
Afinal, o trabalho sempre terá suas partes boas e ruins, e talvez não seja necessário, ou até mesmo desejável, buscar um propósito além disso.
Vamos lá? Nos acompanhe na leitura!
A Ilusão do Propósito no Trabalho
Já reparou que quando alguém pergunta o que você faz da vida, a resposta geralmente é o trabalho que você tem?
De médico a pedreiro, de professor a empresário, o trabalho se tornou nossa principal identidade. E por que isso? Porque muitos de nós compramos a ideia de que precisamos encontrar um propósito no nosso trabalho. Que temos que acordar todos os dias amando o que fazemos. Mas será que isso é mesmo verdade?
Vamos pensar na realidade da maioria das pessoas. Muitos de nós temos trabalhos que não são exatamente o que amamos fazer, mas que nos permitem pagar as contas, comprar coisas que gostamos, fazer viagens e sair com os amigos.
Ainda assim, estamos constantemente sendo bombardeados pela ideia de que deveríamos estar buscando um propósito em nosso trabalho, como se fosse algo errado simplesmente trabalhar para ganhar dinheiro.
Mas e se essa busca por um propósito no trabalho for, na verdade, uma ilusão? Uma ilusão que nos pressiona a encontrar significado em algo que, muitas vezes, é apenas um meio para um fim?
Talvez seja hora de questionarmos essa ideia e começarmos a ver o trabalho pelo que realmente é: um meio de obter recursos para viver e desfrutar nossa vida da maneira que desejamos.
A pressão para encontrar um propósito no trabalho pode nos fazer sentir insatisfeitos, estressados e até mesmo fracassados, quando na verdade, estamos apenas fazendo o que é necessário para sobreviver e ter uma vida confortável.
E se o verdadeiro propósito estiver fora do trabalho? Em nossa vida pessoal, em nossas paixões, em nosso tempo com a família e amigos? Talvez seja hora de mudar nossa visão sobre o trabalho e começar a ver o propósito onde ele realmente pode estar.
Dinheiro como Motivação Primária
Quando era criança, você se lembra de alguma vez brincar de ser banqueiro ou empresário só pelo amor à profissão? Provavelmente não.
As brincadeiras eram de astronauta, super-herói, bailarina, e por aí vai. Ainda assim, muitos de nós acabamos em profissões que não eram exatamente nossos sonhos de infância. E tudo bem. Por quê? Porque o trabalho é, antes de mais nada, uma maneira de ganharmos dinheiro.
Esse dinheiro é o que nos permite viver a vida que queremos. Com ele, compramos uma casa confortável, alimentamos nossa família, nos vestimos bem, viajamos para lugares incríveis, aproveitamos um bom jantar com amigos. O dinheiro, no fim das contas, nos proporciona muitas das coisas que nos dão prazer na vida.
Isso não quer dizer que o trabalho deva ser uma tortura, claro. Todos nós gostamos de sentir que estamos contribuindo de alguma forma, que nossas habilidades são valorizadas, e que estamos aprendendo e crescendo. Mas precisamos parar de fingir que dinheiro não é uma motivação importante. Porque, na real, é.
E não há nada de errado nisso. O dinheiro é uma ferramenta. Ele não traz felicidade por si só, mas permite que possamos buscar aquilo que nos faz feliz. Então, talvez devêssemos parar de sentir culpa por considerar o salário ao escolher um emprego, ou por trabalhar em algo que não amamos, mas que nos paga bem. Porque, no fim das contas, o trabalho é isso: uma maneira de ganhar dinheiro para viver a vida que queremos.
A Dualidade do Trabalho – Partes Boas e Ruins
O trabalho é assim: tem seus momentos bons e ruins. E isso é normal. Não podemos esperar que nosso trabalho seja só diversão e realização o tempo todo. Mesmo que você esteja fazendo algo que gosta, haverá dias difíceis, tarefas chatas, colegas complicados. Faz parte do pacote.
E isso não significa que seu trabalho não valha a pena. Significa apenas que é trabalho. Algumas partes são legais, outras não. Algumas tarefas são interessantes, outras são chatas. Algumas pessoas são legais de trabalhar, outras nem tanto.
Essa é a dualidade do trabalho. Aceitar essa realidade pode nos fazer menos frustrados e mais satisfeitos. Não precisamos amar cada segundo do nosso trabalho para que ele seja válido. Ele já é válido porque nos permite viver a vida que queremos.
A Busca por Prazer Fora do Trabalho
Imagine se, ao invés de passar o dia sonhando com um trabalho que te traga felicidade plena, você pudesse focar em buscar esse prazer e satisfação em outros lugares? Como em um hobby que você ama, um livro que não consegue parar de ler, um passeio com a família, uma viagem sonhada, uma noite de risadas com os amigos.
Já parou pra pensar que esses momentos de alegria e satisfação podem ser tão ou mais valiosos do que qualquer trabalho? E que, na verdade, é o seu trabalho, mesmo que não seja o emprego dos sonhos, que está possibilitando que você desfrute dessas coisas?
É claro, é importante encontrar satisfação no que fazemos para viver. Mas essa satisfação não precisa ser uma paixão arrebatadora ou um propósito de vida. Pode ser simplesmente a satisfação de fazer bem feito, de cumprir seus deveres, de receber seu salário no fim do mês.
E o mais importante: a verdadeira felicidade, aquela que preenche a alma, que nos faz sentir completos, muitas vezes está fora do trabalho. No amor, na família, nos amigos, nos momentos de lazer, nas pequenas coisas que nos trazem alegria.
Redefinindo o Sucesso no Trabalho
Então, se o trabalho não precisa ser nosso grande propósito na vida, como devemos definir o sucesso no trabalho? A resposta pode ser mais simples do que você imagina.
O sucesso no trabalho não precisa ser medido pela paixão que sentimos por ele, nem pela realização de um propósito elevado. Pode ser medido, simplesmente, pela forma como ele nos permite viver a vida que queremos.
Um trabalho bem-sucedido é aquele que paga suas contas, permite que você cuide de você e de quem você ama, e te dá a liberdade para aproveitar seu tempo livre da maneira que desejar. Seja lendo um bom livro, jogando bola com os amigos, viajando, assistindo a um filme com a família.
Isso não significa que devemos nos contentar com trabalhos que nos fazem infelizes. Claro que não. Mas significa que não precisamos colocar a pressão de encontrar nosso propósito de vida no trabalho. Que podemos encontrar prazer e satisfação em outras partes da vida, e que o trabalho é apenas uma das maneiras de alcançar isso.
Então, que tal começarmos a redefinir o que significa sucesso no trabalho? Que tal medir o sucesso não pela paixão que temos pelo trabalho, mas pela vida que ele nos permite levar? Talvez essa seja uma visão mais saudável e realista do que significa ter sucesso no trabalho.
Conclusão
No fim das contas, talvez precisemos repensar a forma como vemos o trabalho. Não como um local para encontrar nosso propósito de vida, mas como um meio de obter os recursos que precisamos para buscar esse propósito em outros lugares.
A ideia de que devemos amar nosso trabalho e encontrar nele um propósito pode ser mais prejudicial do que benéfica. Pode nos fazer sentir frustrados e insatisfeitos, quando na verdade estamos apenas fazendo o que precisamos para viver a vida que queremos.
O trabalho é importante, sim. Mas é apenas uma parte da vida. Uma parte que nos permite desfrutar de todas as outras. Então, que tal começarmos a valorizar mais essas outras partes? Afinal, é nelas que muitas vezes encontramos nosso verdadeiro propósito e felicidade.